RECONHECIMENTO HISTÓRICO DOS CATADORES NAS NEGOCIAÇÕES DO TRATADO DO PLÁSTICO

Catadores de materiais recicláveis ​​exigem que o tratado inclua uma transição justa

PARA DIVULGAÇÃO IMEDIATA: 29 de novembro de 2022

Punta del Este, Uruguai– A formação de um Grupo de Amigos dos Catadores foi anunciada hoje nas negociações para um tratado global de plásticos. Este momento histórico marca o reconhecimento sem precedentes dos direitos, habilidades e importância do setor informal de resíduos; nunca antes os países se comprometeram formalmente a advogar em nome dos catadores no contexto das negociações internacionais. O Grupo é um órgão voluntário formado por representantes dos estados membros de todo o mundo para garantir que as vozes dos catadores sejam ouvidas nas negociações do Tratado do Plástico. 

O anúncio ocorre no início da primeira reunião do comitê de negociações internacionais (INC-1) para estabelecer o texto do Tratado Global de Plásticos, que será o primeiro tratado juridicamente vinculativo a abordar a poluição plástica, desde a extração até o descarte. A inclusão dos catadores nas negociações sinaliza que os países estão reconhecendo o papel fundamental que os catadores desempenham na criação de soluções para a crise do plástico e, portanto, devem ser reconhecidos como principais interessados ​​no processo do tratado. 

Entre 12.6 e 56 milhões pessoas trabalham no setor informal de reciclagem e, em muitos lugares, seus esforços respondem por quase todos os materiais reciclados em seus municípios. Apesar disso, os catadores muitas vezes não são reconhecidos e/ou indenizados pelos governos locais e trabalham em condições indignas.  Na América Latina e no Caribe, por exemplo, estima-se que o setor informal forneça 50-90% dos materiais recicláveis ​​que são usados ​​pela indústria local ou exportados, mas recebe apenas 5% dos lucros.

A principal demanda dos grupos de catadores é desenvolver um plano de transição justo, que deve incluir remuneração adequada pelos serviços, oportunidades de auto-emprego, um papel fundamental na cadeia de valor do plástico, empreendedorismo e um papel na criação e implementação de políticas para acabar com a crise do plástico a nível local e internacional. 

Soledad Mella, Presidente da Associação Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis ​​do Chile (ANARCH), secretária de Comunicação da RedLacre: 

“É histórico ver mais de 19 países se alinhando à Aliança Internacional dos Catadores com delegados que podem influenciar politicamente as decisões, garantindo a participação dos catadores na negociação. Agora, o maior desafio é que o processo seja realmente vinculativo e que levem em consideração a nossa demanda, que é uma transição justa que garanta a participação dos catadores em toda a cadeia da reciclagem e em todas as negociações, e que as leis que serão implementadas veem os catadores como parte fundamental da cadeia de reciclagem”.

Adja Mame Seyni Paye Diop – Vice-presidente dos catadores do Senegal: 

“O que espero deste tratado e desta reunião é que as pessoas levem em consideração nossos empregos. Para mim, uma transição justa é ter empregos alternativos para sustentar nossas famílias na hora de fechar os lixões.”

Os grupos de catadores exigem: 

  • Uma definição de Transição Justa e uma descrição dos catadores no
  • projeto de texto para as negociações.
  • Um cluster de negociação dedicado à Transição Justa.
  • A encomenda de um relatório destacando a contribuição dos catadores na reciclagem e redução da poluição plástica, onde os catadores fornecerão insumos.
  • Apoio financeiro para atender negociações internacionais.

Contatos com a imprensa:

Camila Aguilera, Comunicações GAIA América Latina

camila@no-burn.org | +56951111599

Claire Arkin, líder de comunicações globais

claire@no-burn.org | +1 973 444 4869

Nota ao Editor: Para obter mais informações sobre a justiça dos catadores nas negociações do Tratado Global de Plásticos, visite nossa página, https://www.no-burn.org/unea-plastics-treaty/.

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